CURSO SOBRE EDUCAÇÃO QUILOMBOLA PARA PROFESSORES ACONTECE EM MARAGOJIPE

Nos dias 5 e 6 de outubro, o Colégio Plínio Pereira Guedes, na cidade de Maragojipe, foi palco de uma ação educacional marcante: a realização do primeiro Curso de Formação de Professores da Rede de Ensino Fundamental, focado na aplicabilidade dos saberes contidos no livro “Educação Quilombola: pistas para a implementação do ensino de história e culturas africanas e dos africanos no Brasil e dos afro-brasileiros”. Promovido pela Enseada Indústria Naval, em parceria com a Brasil com Artes e com o apoio da Secretaria de Educação, Esporte e Lazer de Maragojipe, o curso que teve carga horária de 16h e concedeu certificado de participação aos presentes, representando um passo importante na disseminação da educação quilombola na região.

O livro “Educação Quilombola” foi desenvolvido a partir de pesquisas de campo conduzidas pela Brasil com Artes, por solicitação da Enseada Indústria Naval, como parte dos requisitos do licenciamento do empreendimento junto à Fundação Cultural Palmares – FCP.

A Educação Quilombola é uma temática essencial no cenário educacional contemporâneo, especialmente na região de Maragojipe, que concentra uma grande quantidade de comunidades tradicionais, uma vez que busca reconhecer e valorizar as histórias, culturas e contribuições dos afrodescendentes para a construção da sociedade brasileira. Nesse contexto, a Lei 11.645/2008 torna obrigatório o ensino das culturas africanas, afro-brasileiras e indígenas nas escolas de todo o país, incluindo a temática no currículo das escolas de ensino fundamental e médio. Esta legislação é essencial para combater o racismo estrutural e promover a igualdade racial no Brasil.

No total, 61 pessoas participaram do curso, incluindo professores, coordenadores, diretores de escolas, representantes das secretarias de educação, esporte e lazer e secretaria de reparação social. A presença da Secretária de Educação, Esporte e Lazer de Maragojipe, Ana Cláudia Barbosa, e do Secretário Municipal de Governo, Manoel Chagas dos Santos, trouxe ainda mais relevância ao evento, demonstrando o comprometimento das autoridades locais com a educação quilombola.

Os participantes receberam um kit que continha, além do livro Educação Quilombola, uma série de publicações da Enseada voltada ao tema, entre elas a cartografia dos quilombos de Maragojipe, livro de medicina quilombola, contos infantis locais antes passados de forma oral de geração a geração.

As oficinas ministradas por uma equipe multidisciplinar da Brasil com Artes, coordenada pelo Professor Doutor Vilson Caetano de Sousa Júnior, foram o destaque do curso. As presenças dos professores. Dr. Fábio Macedo Velame, MsC Magnair Barbosa, Marina Bonfim e do Fotógrafo e Ilustrador Rodrigo Siqueira, que com suas ricas experiências acadêmicas na temática puderam trazer informações relevantes aos professores participantes, enriquecendo ainda mais as discussões, muitas vezes com relatos emocionantes.

Durante os dois dias de curso foram abordados diversos módulos, incluindo “Da África que conhecemos à que vivemos,” “Resistência Negra no Brasil,” “Economia Sustentável das Comunidades Quilombolas,” “Religiosidade Quilombola” e “Saúde e Direitos Quilombolas.” Esses módulos proporcionaram aos participantes uma visão abrangente das questões relacionadas à educação quilombola, desde sua origem até os desafios atuais, trazendo inclusive orientações de como aqueles temas poderiam ser abordados em sala de aula e destacando a importância da postura do professor em transmitir aos seus alunos conceitos, orientações e informações que contribuam para a disseminação da história, dos direitos e de outros aspectos da cultura dessas comunidades tradicionais.

“Nos professores somos transformadores da humanidade. Precisamos nos desnudar dos preconceitos, das iniquidades, para de fato consolidar uma sociedade equânime, livre de racismo, machismo e toda forma de intolerância.”

Prof. Marina Bonfim, educadora social.

Além das apresentações teóricas, o curso proporcionou momentos de interação entre os palestrantes e os professores. Foram compartilhadas experiências vividas em sala de aula, os desafios enfrentados ao abordar o tema da educação quilombola com os alunos e os preconceitos enfrentados. Algumas falas foram particularmente marcantes, mostrando como o curso trouxe empoderamento aos professores, capacitando-os a aplicar os conteúdos em sala de aula com mais segurança e sensibilidade.

Acompanhe abaixo o depoimento de uma participante do Curso de Educação Quilombola:

Para Marina Calheiros, líder comunitária, professora da escola quilombola Getúlio Vargas e moradora do quilombo do Girau Grande, em Maragojipe “o curso de formação para professores foi de grande importância principalmente para as comunidades tradicionais, pois foram abordados assuntos pertinentes às questões da educação quilombola do município de Maragogipe. A partir desse encontro foi possível perceber a necessidade de se pensar em uma nova forma de fazer uma educação voltada não só para as comunidades quilombolas, mas também para as escolas em geral, uma vez que esses alunos precisam conhecer e respeitar as diferenças.”

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Esta ação é fruto da parceria da Enseada, a equipe multidisciplinar da Brasil com Artes e Secretaria de Educação, Esporte e Lazer de Maragojipe, em atendimento às condicionantes constantes nas Anuências Nº 08/2010 e Nº 15/2010 da Fundação Cultural Palmares, emitidas no âmbito do licenciamento ambiental e dos Programas de Educação Ambiental – PEA e de Comunicação Social – PCS integrantes da Licença de Operação Nº 19.900, de 07/01/2020, e as Licenças de Alteração Nº 20.117, de 14/02/2020, Nº 27.705, de 30/12/2022 e Nº 28.961, de 28/06/2023 emitidas pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos – INEMA.

11/10/2023
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