Diretor da Enseada debate crise da indústria naval na 12ª Marintec South América

O panorama do setor de construção naval e offshore frente ao momento de crise vivido pela indústria brasileira foi o tema da palestra do diretor de relações institucionais e sustentabilidade da Enseada Indústria Naval, Humberto Rangel, durante a 12ª Marintec South América. Na tarde do segundo dia de evento, que acontece até 13 de agosto no Rio de Janeiro, Rangel apresentou os principais tópicos a serem estudados e debatidos pelo setor para a superação da crise instalada. Paulo Alonso, assessor da presidência da Petrobras, Catarina Miranda, especialista de conteúdo local da ANP e João Rossi, coordenador geral do setor de Petróleo, Gás e Naval do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior também compuseram o painel sobre crise.

Humberto Rangel apresentou o “case Enseada” onde demonstrou os investimentos, empregos gerados e atividades já realizadas pelo estaleiro que iniciou a produção das encomendas pela Sete Brasil. “Em meados de 2012, à época do início de nossa instalação na Bahia, havia uma forte preocupação com os chamados estaleiros virtuais, que ainda não estavam construídos. Hoje, com 82% de avanço físico e já licenciados para operar, temos que lidar com o problema de encomendas virtuais, ao menos no curto prazo”. De acordo com Rangel, a implantação do estaleiro foi assegurada por contratos para a fabricação de seis navios-sonda, equipamentos com elevado nível de sofisticação e nunca produzidos no Brasil. À época, segundo o porta-voz da empresa, foram asseguradas, pelo Governo Federal, condições de suporte para o primeiro ciclo industrial, entre 2013 e 2020. “O governo fez uma convocação e os empresários se colocaram à disposição diante de condições que, momentaneamente, não estão sendo asseguradas”, pontuou Rangel.

O diretor da Enseada classificou como crise de liquidez o momento vivido pelos estaleiros nacionais. De acordo com ele, a crise foi iniciada em novembro do último ano e sua origem está na suspensão dos pagamentos da Sete Brasil, o que levou a paralisação das obras de construção das sondas. Como consequências, Rangel sinalizou a demissão de mais de 14 mil trabalhadores em todo o Brasil, nos últimos nove meses, além da perda dos investimentos em conhecimento e competitividade.

De acordo com Rangel, para se pensar no futuro da indústria naval é necessário garantir, com senso de urgência, a reestruturação da Sete Brasil e seu plano de investimento, a liberação dos recursos aprovados pelo Fundo de Marinha Mercante (FMM), o engajamento dos agentes financeiros nos planos alternativos de investimentos nas sondas e a quitação, por parte da Sete Brasil, dos valores em aberto dos serviços executados pelos estaleiros.

Sobre a Enseada

A Enseada Indústria Naval atua na construção e integração de unidades offshore, como plataformas, FPSOs e sondas de perfuração. Com 1,6 milhão de metros quadrados de área em Maragojipe, dos quais 400 mil destinados à preservação ambiental, a Enseada já é considerada um dos maiores empreendimentos do país. Os investimentos que estão sendo feitos pela empresa na Bahia são da ordem de R$ 3,2 bilhões e sua carteira de clientes tem a Sete Brasil, com um contrato de US$ 4,8 bilhões, e a Petrobras, com um contrato de US$ 1,7 bilhão. Quando estiver operando a plena capacidade, o empreendimento poderá processar inicialmente 72 mil toneladas de aço por ano, construindo navios de alta especialização que poderão ser fabricados, simultaneamente, gerando 12 mil empregos diretos e indiretos com significativo percentual de mão-de-obra local. No Rio de Janeiro, a Enseada atua no Estaleiro Inhaúma, que foi arrendado pela Petrobras em razão do contrato para conversão dos cascos de quatro navios tipo VLCC nas plataformas P-74, P-75, P-76 e P-77.

13/08/2015
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