ENSEADA LANÇA PROJETO “MULHERES DA MARÉ” EM COMUNIDADES PESQUEIRAS E QUILOMBOLAS DE MARAGOJIPE

O mês de setembro foi marcado pelo lançamento de uma iniciativa que está repercutindo positivamente em comunidades quilombolas e de pesca do município de Maragojipe. O Projeto “Mulheres da Maré”, desenvolvido pela Enseada é um exemplo notável de como o empreendedorismo local pode ser uma ferramenta poderosa para a inclusão social e produtiva. Além disso, ele se insere em um contexto mais amplo de desenvolvimento sustentável, onde a criação de ostras desempenha um papel crucial.

O cultivo de ostras, prática tradicional na região, é um processo altamente artesanal e que exige conhecimento específico transmitido de geração em geração. A pesca, mariscagem e cultivo de ostras não são apenas uma tradição local, mas também a principal fonte de trabalho e renda de muitas famílias na região.

O projeto concentra seus esforços em comunidades quilombolas e de pesca que têm um histórico de envolvimento com o cultivo de ostras. A Associação Mariquilombo, em Capanema, a Associação de Pescadores e Marisqueiras de São Roque do Paraguaçu e os projetos Mulheres Arte e Dendê, no quilombo do Dendê e Bela Ostra, no quilombo Enseada do Paraguaçu, foram beneficiados neste lançamento do projeto. No total, cerca de 90 pessoas participaram das ações que aconteceram de 12 a 15 de setembro.

O projeto será continuado com encontros mensais. O primeiro encontro envolveu a realização de um diagnóstico participativo, o início do processo de planejamento estratégico e a abordagem do tema da Economia Solidária como estratégia de desenvolvimento local.

As quatro comunidades atendidas pelo projeto têm diferentes níveis de desenvolvimento em suas iniciativas de cultivo de ostras, que variam desde o tempo de funcionamento até a organização comunitária, capacidade produtiva, rede de parceiros e captação de recursos. O objetivo central do projeto é contribuir para a melhoria da gestão e comercialização, fomentando a formação de uma rede de projetos de ostreicultura na região. Isso não apenas fortalecerá as práticas produtivas sustentáveis, mas também gerará mais renda, autonomia e inclusão socioeconômica para as comunidades envolvidas.

O projeto tem como facilitadora Dra. Kátia Santos, cujas expertises profissionais estão relacionadas com a tecnologia social e economia solidária e nesta etapa contou com a contribuição técnica de Douglas Oliveira, assistente social.

Segundo Kátia, a primeira etapa do projeto “Mulheres da Maré” foi uma experiência fortalecedora. Eu penso que o projeto vai potencializar uma rede de comercialização de ostras, porque todas elas pensam iguais, independente da localidade, Capanema, Dendê, Enseada ou São Roque, todos pensam em comercializar ostras. Chegamos a uma conclusão que precisamos que uma delas esteja preparada para buscar clientes em outros municípios, exemplo de Salvador. Para além disso, o projeto “Mulheres da Maré” apresentou a força da mulher quilombola, a força da mulher marisqueira, a organização, a união, o foco em resolver os problemas de forma coletiva na busca da autonomia feminina. Outro ponto importante, foi a organização legal e a organização de documentos, organização de direitos. É muito enriquecedor ver tanta mulher negra, marisqueira, quilombola, investindo em conhecimento. Mulheres são como as águas, ganham força quando se juntam!”

Para Tamires, moradora do quilombo do Dendê, “o projeto “Mulheres da Maré”, coordenado pela Enseada, está sendo um divisor de águas, em especial na vida das mulheres da Associação de Mulheres Arte e Dendê. Foi um momento de escuta, trocas de saberes e de muito conhecimento. As vezes diante de tantas dificuldades vivenciadas no nosso dia a dia não nos reconhecemos como potência e ver potência naquilo que achamos tão simples em nosso território e no decorrer do encontro nos percebemos o quanto somos mulheres incríveis e cheias de potencialidade e ancestralidade. Esperamos que o projeto continuei trazendo empoderamento através do empreendedorismo feminino e que juntas construiremos melhorias para termos trabalho digno e valorização.”

É importante destacar que essa ação se encontra totalmente alinhada com o Plano Diretivo de Pesca (PDP) elaborado de forma coletiva pela Enseada Indústria Naval. O PDP possui 5 eixos, de atuação e o Projeto “Mulheres da Maré” se enquadra tanto no Eixo 1, que aborda o fortalecimento das instituições de pesca e da construção da governança, como no Eixo 3, que visa a elaboração e implantação de projetos produtivos de pesca e cultivo sustentável, e no Eixo 5, que oferece apoio ao empreendedorismo local. Em adição, o Projeto atende aos requisitos da Anuência Nº 15/2010 emitida pela Fundação Cultural Palmares – FCP, no âmbito do processo de licenciamento ambiental da Enseada, que preconiza a inclusão das Comunidades Remanescentes de Quilombos – CRQs da região nos programas de natureza socioambiental conduzidos pela empresa.

O Projeto é uma iniciativa que não só promove o empreendedorismo local, mas também contribui significativamente para a inclusão social e produtiva em comunidades que dependem do cultivo de ostras como meio de vida. É um exemplo de como o setor privado pode desempenhar um papel fundamental na promoção do desenvolvimento sustentável e na construção de um futuro mais justo e próspero para todos.

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Esta ação integra o escopo da Anuência FCP Nº 15/2010 e dos Programas de Sustentabilidade da Atividade Pesqueira – PSAP e Comunicação Social – PCS da Enseada, constando da Licença de Operação Nº 19.900, de 07/01/2020, e as Licenças de Alteração Nº 20.117, de 14/02/2020, Nº 27.705, de 30/12/2022 e Nº 28.961, de 28/06/2023 emitidas pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos – INEMA.

21/09/2023
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