Resultado de programa que monitora a pesca é apresentado pela Enseada em Maragojipe

A Enseada Indústria Naval apresentou para 60 pescadores e marisqueiras, nesta quinta-feira (24), na Colônia dos Pescadores de Maragojipe Z-07, a devolutiva do monitoramento do Programa de Desembarque Pesqueiro correspondente ao período de abril de 2012 a março de 2015. O estudo foi realizado pela Biomonitoramento e Meio Ambiente (BMA), empresa de consultoria ambiental.

Com base nos dados coletados durante o período analisado, a BMA traçou um perfil do potencial produtivo das 11 localidades monitoradas – Maragojipe (sede), Nagé, Ponta de Souza, Enseada do Paraguaçu, São Roque do Paraguaçu, Capanema, Cachoeira, Santiago do Iguape, São Francisco do Paraguaçu, Saubara e Salinas da Margarida. O estudo identificou o tipo de pescado, quantidade capturada, petrechos utilizados em cada atividade e a localização dos principais pesqueiros nas regiões monitoradas. A apresentação dos resultados foi feita pelo biólogo Diego Medeiros e contou com a participação de Rodrigo Paranhos, também biólogo, Alexandre Silva, analista de Sustentabilidade da Enseada, e Hélio Porto, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.

De acordo com Diego, o trabalho realizado é esclarecedor tanto para a Enseada, que fica sabendo o resultado de suas ações dentro da Baía do Iguape, quanto para o pescador, que obtém dados privilegiados sobre melhor local e época para captura dos pescados mais valorizados do mercado. “Os dados do monitoramento são totalmente fidedignos, pois foi utilizada a mesma metodologia em todas as comunidades em que estivemos”, comentou Medeiros.

Os estudos apontam que a capacidade produtiva da pesca na região não foi alterada após a implantação do empreendimento. “O que se percebe, inclusive com informações da Capitania dos Portos, é o uso cada vez mais indiscriminado da pesca predatória, com redes inapropriadas e utilização de bombas. Fala-se muito na escassez do Xangó. A pesquisa nos diz que esse é um peixe que não sumiu. Acontece que ele é visto, preferencialmente, longe da foz do rio Paraguaçu. É muito visto e pescado em Saubara e Salinas da Margarida”, revelou Medeiros.

De acordo com o biólogo, foi comparado o antes, o durante e o depois da dragagem. “Ao contrário do que se imagina, durante a dragagem houve um aumento na captura do pescado, pois coincidiu com o período mais quente do ano. E no pós-dragagem, em algumas comunidades, percebemos uma média maior da captura no período anterior e durante a dragagem, como aqui em Maragojipe”, esclareceu.

Segundo Rodrigo Paranhos, o resultado do estudo mostra, com riqueza de detalhes, que não houve impacto negativo na pesca da região com a implantação do estaleiro. “As informações foram obtidas desde a época da dragagem do rio até o início das atividades industriais do empreendimento”, informou Paranhos.

Alexandre Silva, da Enseada, lembrou que o monitoramento e a devolutiva da atividade pesqueira são algumas das condicionantes dos órgãos ambientais para a empresa, como ICMBio e Ibama. “Segundo informações da BMA, este foi um dos mais bem exitosos trabalhos de monitoramento da pesca já realizados na Bahia, devido à coleta constante e diária dos pescados. Cumprimos à risca o que nos foi determinado. Esse é um trabalho sério e esclarecedor”, afirmou Silva.

O pescador Daniel Dias, de 58 anos, morador do bairro da Enseadinha, conhece os meandros do rio como ninguém. Desde os oito anos já trabalhava no mar ao lado dos pais, que ensinaram a ele a arte e os segredos da pesca. Ele foi um dos participantes que estiveram atentos às informações prestadas durante o evento. “É bom saber quais as espécies que ainda temos no rio e as que estão em falta devido à pesca predatória. Esse trabalho vem para conscientizar o mau pescador, que pensa que a solução dos problemas está no acender de um pavio. Quem está destruindo a pesca são os bombeiros do mar”, argumentou.

Quando questionado sobre as dificuldades encontradas na atividade, indagou: “Não tem momentos na vida que as coisas não acontecem como a gente quer? No mar é a mesma coisa. Às vezes a pescaria não dá boa porque chegou o inverno, o tempo esfriou, ou quando materiais químicos são derramados no beiral de alguns portos. Aí o marisco some mesmo, mata algumas espécies”, disse Daniel.

Além de Maragojipe Sede, a Enseada apresentou em outras comunidades os resultados dos estudos de monitoramento da pesca. Foram elas: Salinas da Margarida, Enseada do Paraguaçu, São Roque do Paraguaçu, Capanema, Nagé, São Francisco do Paraguaçu e Santiago do Iguape.

26/11/2016
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