Representantes da indústria química baiana apresentam soluções para aumentar a competitividade do setor no estado

Em busca de soluções para os desafios que envolvem a produção e competitividade do setor da indústria química na Bahia, foi realizado, nesta segunda-feira (2), o Seminário Perspectivas do Complexo Químico da Bahia, com a participação de empresários, fornecedores e representantes da indústria. Durante o evento, promovido pela Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB) através do Conselho de Petróleo, Gás e Naval (CPGN), em parceria com o Governo da Bahia, através da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE), com apoio da Braskem e da Odebrecht, foram apontadas como principais dificuldades para o crescimento do setor no Estado, questões de logística, preço da energia, custo com matéria-prima e atração de novos players para o mercado.

O seminário contou com a participação na mesa de abertura do presidente da FIEB, Ricardo Alban, Manoel Mendonça; secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado da Bahia e Paulo Guimarães, superintendente da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado da Bahia, representando o secretário Jorge Hereda.

Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), apresentados pelo deputado baiano Davidson Magalhães, os fatores essenciais para o desenvolvimento de uma indústria química forte são matéria-prima competitiva (representa entre 70 e 90% dos custos) e energia, cujo peso é da ordem de 20% dos custos de produção. “A tarifa do Brasil é uma das mais caras do mundo. Há uma forte relação das matérias-primas petroquímicas no país com o mercado de energia, pois a energia elétrica é o insumo estratégico para a indústria química”, disse o deputado.

Atração de novos players – Um aspecto determinante de competitividade, discutido no seminário, é a redução dos custos com energia elétrica que pode trazer um crescimento de 0,5% no PIB. Nos Estados Unidos, foram criados marcos regulatórios que permitiram atrair investidores para fazer com que o crescimento da indústria acontecesse de forma sustentável, barateando o preço do gás. “Quando falamos em gás nacional, temos uma competitividade bastante interessante. Somos sensíveis a questão do preço, mas temos trabalhado muito forte e analisado margem para ter competitividade e incentivar a expansão da rede de gasodutos, hoje pequena no Brasil. É preciso garantir a entrada de novos players, incentivar a produção interna e melhorar a otimização dos poços para permitir a redução do preço de compra das distribuidoras e para também ofertar aos clientes um preço mais competitivo”, explicou Makyo Felix, gerente de mercado pós-vendas da Companhia de Gás da Bahia (Bahiagás).

Na Bahia, atualmente, existem 66 plantas químicas. A Braskem é uma delas e mostrou o que vem fazendo para solucionar um dos principais gaps da indústria: a logística. Por conta da alta taxa de utilização, um navio leva em média de 5 a 7 dias para atracar no Porto de Aratu, gerando um custo de sobrestadia elevado, impactando a competitividade e limitando as operações. “Estamos desenvolvendo um projeto para fazer um Terminal de Uso Privado que permita a descarga de produtos para suprir o gargalo que temos em Aratu e, assim, chegarmos a um custo competitivo”, revelou Marcelo Cerqueira, vice-presidente da Braskem.

Ainda segundo Marcelo, as plantas da empresa foram desenhadas para consumir nafta das refinarias, não estando preparadas para importar gás. “Vamos passar por alguns desafios, dentre eles algumas mudanças no Porto de Aratu para começar a receber etano na nossa planta, de forma a baratear o custo para trazer esse gás, pois mesmo num momento de volatilidade é mais vantagem utilizar etano importado do que nafta importada. Historicamente, petroquímicas base nafta e base gás sempre tiveram uma competitividade semelhante, porém, a partir de 2009, com o shale gas, as plantas base etano passaram a ter um custo de produção menor”, completou o vice-presidente.

Coordenador do CPGN e diretor de Relações Institucionais da Enseada Indústria Naval, Humberto Rangel afirmou que a indústria química responde por uma parcela substancial na arrecadação do produto. “Essa indústria já caminha para mais de 40 anos de existência. Estamos vivendo um momento de desafio em termos de buscar alternativas que assegurem a continuidade de sua competitividade. Precisamos ter parcerias com outros estados do Nordeste, como Sergipe e Rio Grande do Norte, e atrair e centralizar na Bahia as estratégias do setor”, pontuou Rangel.

Durante o seminário, foi elaborada uma agenda de encaminhamentos cujos principais tópicos foram a regulação de investimentos para distribuição do gás, a criação de mecanismos de competitividade da área e a criação de um marco regulatório baiano para o setor. O documento final será apresentado até o final do mês pela FIEB ao Governo do Estado.

 

Foto: Ângelo Pontes

02/05/2016
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